Blade Runner 2049, uma reflexão com spoilers

 

Time to Die

 

Não é correto dizer que o filme se baseia só nas personagens do livro, como vi num site de referência. A essência da distopia kdickiana está ali: o controle das experiências humanas nas mãos da polícia e de grandes corporações, a angústia por querer saber o que / quem eu sou, homens fazendo coisas de homens e mulheres surpreendendo. E o papel quase autônomo da memória.
Blade Runner 2049 apresenta uma boa história, inclusive em sua proposta de sequência – e 35 anos depois, que esperanças pudemos criar para reverter a distopia? – e muito bem contada para quem gosta de retomar detalhes o romance original, que não foi o caso de Ridley Scott que, afinal, não leu o romance Andróides Sonham com Ovelhas Elétricas? antes de fazer o filme original. (Como descobri nesse ótimo artigo.) Não sei se depois…   


Um erro seria ler o filme fora desse contexto acima. Quando a história é bem contada, o óbvio ululante que está na cara de todo mundo não precisa ser dito. Mas no filme ele é dito para quem buscava e se empenhava em saber: vc é um k ou um Joe qualquer à medida que se contenta em se relacionar intimamente com uma ilusão fabricada por um inimigo. E deixa de ser um Joe qualquer quando, prestes a morrer, age em nome da verdade escorregadia – fugidia como uma lembrança afetiva quase autêntica.

Ilusão de intimidade: não precisa ser andróide pra ser reprovado no teste

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